- Origem do termo codependência
- Causas da codependência
- 1. Tornou-se o cuidador
- 2. Aprendeu que pode ser ferido profundamente por pessoas que dizem amar você
- 3. Aprendeu a agradar às pessoas
- 4. Você tem dificuldade em lidar com limites pessoais
- 5. Você sente-se culpado frequentemente
- 6. Você ainda fica com medo
- 7. Você sente-se imperfeito e não merecedor
- 8. Você aprendeu a não confiar nas pessoas
- 9. Você não deixa que os outros o ajudem
- 10. Você sente-se sozinho
- 11. Você tornou-se excessivamente responsável
- 12. Você tornou-se controlador
- Sinais para identificar codependência
- Crenças que os codependentes acreditam
- Padrões de codependência
- A codependência não é culpa tua
- Tratamento da codependência
- Referências
Por acaso você já sentiu que coloca sempre em primeiro lugar as necessidades da outra pessoa, e as suas em segundo? Chegando por vezes ao ponto de suportar qualquer tipo de comportamento e consequências negativas para si, abdicando dos seus sonhos, autonomia e liberdade de viver a vida? Se SIM é bem capaz de você estar a sofrer de codependência.
É importante dizer em primeiro lugar que a codependência não é uma doença mental nem é desenvolvida como se fosse uma doença mental.
De modo muito resumido podemos dizer que a codependência é um transtorno emocional que se caracteriza por uma dependência excessiva de uma pessoa em relação a outra.
A codependência é composta por um conjunto de padrões de comportamentos, crenças e distorções cognitivas aprendidas no decorrer do relacionamento com uma pessoa narcisista e/ou família disfuncional, sem que na maioria das vezes a vítima tome consciência dessa transformação que ocorreu em si (padrão de negação), pensando que tudo isto faz parte da sua maneira de ser e ver o mundo.
Esses comportamentos, crenças e distorções cognitivas que compõem a codependência podem ser considerados como uma defesa inconsciente que a vítima usa para evitar mais conflitos e sofrimento com a pessoa narcisista ou ambiente familiar disfuncional. Só que isso tem um preço muito caro a pagar. O preço é que a vítima tem de abdicar dos seus sonhos, individualidade, liberdade e autonomia.
Assim uma pessoa codependente vai ignorar as suas necessidades concentrar-se mais nos sentimentos, problemas e desejos das outras pessoas. Isto acontece porque a pessoa codependente considera-se responsável pelo bem-estar dos outros. Assim, quando nos relacionamentos é incapaz de fazer os outros felizes, é muitas vezes levado a experiênciar sentimentos de culpa, frustração, stress, raiva e ansiedade.
Mesmo depois da pessoa ter acabado o relacionamento com a pessoa narcisista ou já ter saído do ambiente familiar disfuncional, a codependência fica, sem ser notada pelo próprio, e vai influenciar a sua vida emocional futura no sentido negativo. Pode-se mesmo dizer que a pessoa criou uma prisão a qual não “vê” e da qual tem medo de sair.
Origem do termo codependência
O termo codependência teve a sua origem nos estudos feitos com pessoas que sofriam de dependência química e foi atribuído aos familiares dessas pessoas.
A razão que está por base é que esses familiares também sofriam de uma dependência, não química ou de drogas, mas sim de uma dependência emocional. Esta dependência emocional caracteriza-se por uma preocupação fixa e constante na pessoa dependente.
Com o avançar da investigação sobre o assunto, concluiu-se que é possível sofrer de dependência emocional ou codependência em outros tipos de relacionamentos, como é o caso do relacionamento com pessoas narcisistas.
Causas da codependência
Em geral a codependência é aprendida na infância em ambientes familiares pouco estáveis ou disfuncionais, mas também pode ter origem já na idade adulta num relacionamento prolongado com uma pessoa narcisista.
Mesmo quando me afasto, me importo. Você pode estar separado de uma coisa e ainda se preocupar com ela.
— David Levithan
É comum em famílias ou em relacionamentos disfuncionais prolongados a pessoa aprender a “defender-se” através de desenvolver alguns dos seguinte comportamentos codependentes:
1. Tornou-se o cuidador
Pode ser que o se seu pai tenha sido incapaz de cumprir o papel de pai, então você vai assumir o papel de pai para preencher essa lacuna. Você cuidava dos seus pais ou irmãos, pagava as contas, preparava as refeições e ficava acordado para garantir que o pai não adormecesse com o cigarro aceso e incendiasse a casa.
2. Aprendeu que pode ser ferido profundamente por pessoas que dizem amar você
A experiência que você teve na infância foi que a sua família o feriu física e/ou emocionalmente, abandonou, mentiu, ameaçou e/ou aproveitou-se da sua bondade. Esta dinâmica familiar foi interiorizada por si e vai permitir que você na idade adulta vá aceitar que amigos, amantes ou parentes continuem a feri-lo.
3. Aprendeu a agradar às pessoas
Manter as pessoas felizes é outra maneira de você tentar sentir-se em controle da situação. Você cala-se, não fala ou não discorda por medo. Você está sempre disposto a abrir mão do que merece, dar e continuar a dar. Isso alimenta sua auto-estima e dá-lhe alguma satisfação emocional, e mesmo uma imagem de altruísta.
4. Você tem dificuldade em lidar com limites pessoais
Tem dificuldade tanto em lidar com os seus próprios limites pessoais como com os limites das outras pessoas. Na realidade a culpa não é sua. Na sua familiar ninguém foi capaz de servir de modelo saudável para você copiar e aprender isso. Daí que os seus limites pessoais ou são muito difusos (sempre a agradar ou a cuidar dos outros) ou muito rígidos (fechado e incapaz de se abrir e confiar nos outros).
5. Você sente-se culpado frequentemente
É provável que você se sinta culpado por muitas coisas que não causou. Entre essas coisas está a sua incapacidade de ser capaz de transformar os seus pais, a sua família ou o seu cônjuge. Mesmo que isto seja ilógico, existe um desejo profundo de curar e salvar os outros. E sua incapacidade de os transformar contribui para os seus sentimentos de inadequação pessoal.
6. Você ainda fica com medo
Na sua infância você pode ter vivido muitos momentos como assustadores. Você vivia na incerteza de não saber o que podia esperar nem o que ia acontecer a seguir. Havia dias que corriam bem, sem problemas, mas outros dias que você escondia-se, sofria e chorava sozinho. Ainda hoje, já em adulto, por vezes acontece você ficar muito nervoso, com medo de ficar sozinho e/ou na presença de certos familiares ou do cônjuge narcisista..
7. Você sente-se imperfeito e não merecedor
Você cresceu sentindo e/ou ouvindo dizer que há algo errado com você, que você não presta, etc. O pior é que você inconscientemente passou a acreditar nisto como se fosse um facto real. Isso aconteceu porque este “facto” foi repetido vezes sem conta até você ter deixado de contrapor. Depois, quando você era pequeno também não conhecia outra realidade e assim aceitava o que lhe diziam.
8. Você aprendeu a não confiar nas pessoas
No ambiente familiar onde você cresceu era frequente você ser desrespeitado, traído, enganado e ferido. O resultado disso é que é difícil para você aproximar-se emocionalmente de outras pessoas e confiar nelas, mesmo que essa pessoa seja o seu cônjuge ou amigos íntimos. Esta foi e é uma maneira que você arranjou de se proteger de mágoas futuras, mas também é uma barreira para a verdadeira intimidade e ligação profunda num relacionamento amoroso.
9. Você não deixa que os outros o ajudem
Você não está acostumado a ter as suas necessidades supridas por outrem ou ter alguém que cuide de você. Você sente-se mais confortável dando ajuda do que recebendo ajuda. Você prefere fazer você mesmo do que ficar em dívida ou que isso seja usado mais tarde contra você.
10. Você sente-se sozinho
Durante muito tempo você pensou que era o único com uma família assim ou que se sentia assim. Você sentiu-se sozinho e envergonhado pelos segredos que teve que guardar na infância. É fácil perceber por que os codependentes quando adultos preferem permanecer em relacionamentos disfuncionais do que ficar sozinhos, com medo e lidando com a sensação de ser imperfeito.
O estar sozinho para o codependente parece ser a validação de ser realmente defeituoso e indesejado.
11. Você tornou-se excessivamente responsável
Quando criança, a sua sobrevivência ou a sobrevivência da sua família dependia de você assumir responsabilidades que ultrapassavam a sua idade. Você continua a ser uma pessoa extremamente confiável e responsável, a ponto de poder trabalhar demais e ter problemas para relaxar e se divertir. Você também assume a responsabilidade pelos sentimentos e ações de outras pessoas.
12. Você tornou-se controlador
Quando a vida parece fora de controle e assustadora, você compensa os seus sentimentos de impotência tentando controlar as pessoas e as situações à sua volta.
Sinais para identificar codependência
Está interessado em saber se você tem alguns dos padrões e comportamentos de codependência. Pode seguir o link abaixo para fazer o teste (é grátis) e também poder partilhar com amigos/as seus.
Crenças que os codependentes acreditam
Para compreender melhor porque a codependência existe temos de ir ao fundo e ver as crenças em que os codependentes acreditam e que vão condicionar todo o resto do seu modo de pensar, comportar e ver o mundo.
Estas crenças são na maioria invisíveis para o codependente mas marcam profundamente o modo como ele/a processa as suas experiências de vida, constrói os seus raciocínios e vê a sua realidade.
Estas crenças são como filtros que distorcem emocionalmente o modo como o codependente pensa e como vai contaminar as conclusões a que chega sem que se aperceba disso.
As 6 crenças principais da codependência
As principais crenças enraizadas e mantidas pelos codependentes são as seguintes:
1. Não sou o suficiente
2. Não sou merecedor de amor
3. Não sinto
4. Negligencia o seu auto-cuidado
5. Não é feliz
6. Assume a culpa
Vamos ver em mais detalhe cada uma delas para uma melhor compreensão do impacto que eles têm na pessoa codependente.
1. Não sou o suficiente
A pessoa codependente geralmente acredita que eles não são suficientes da meneira como são. Que para justificar a sua existência de seres humanos, eles devem passar o resto da sua vida à mercê e ao serviço dos outros. Muitas vezes acreditam que a sua existência só pode ser justificada se fizerem mais, derem mais ou ajudarem mais os outros. Eles acreditam que o seu sentido de identidade pessoal não deriva do seu próprio valor, mas do que os outros podem pensar sobre eles.
2. Não sou merecedor de amor
A pessoa codependente acredita que não é suficiente boa para ser amada. Elas sofrem de extrema baixa auto-estima, muitas vezes julgando-se incapazes de merecerem serem amados.
A coisa mais dolorosa é perder-se no processo de amar demais alguém e esquecer que você também é especial.
— Ernest Hemingway
Esta crença é derivada de terem crescido num ambiente onde havia falta de amor e carinho por parte dos pais. Assim eles cresceram acreditando que não são dignos de serem amados e de serem cuidados pelos outros. Esta carência condiciona-os a dar um tipo de amor distorcido, o amor condicional. Têm também uma grande dificuldade em aceitar e ser capaz de receber amor.
3. Não sinto
A pessoa codependente acredita que não é certo sentir, seja isso felicidade, tristeza, alegria, raiva, medo, etc. Isto é devido a terem crescido num ambiente onde não era aceite nem seguro expressar os seus próprios sentimentos. Assim desde cedo aprenderam a entorpecer todos os seus sentimentos, a desligarem-se deles para diminuir o seu sofrimento e evitar mais problemas. Daqui que uma pessoa codependente ache mais seguro e fácil cuidar de como os outros se estão sentindo, pois foi isso o que aprenderam a fazer quando crianças.
4. Negligencia o seu auto-cuidado
A pessoa codependente tende a acreditar que não é certo cuidar de si mesma, nem ter uma vida cheia de alegrias ou com problemas próprios. A pessoa codependente aprendeu que o seu papel na vida é ajudar e salvar os outros. Acreditam que eles próprios não devem ter nenhuma necessidade ou desejo e que a sua prioridade na vida deve ser dar atenção às necessidades e desejos das outras pessoas.
5. Não é feliz
A pessoa codependente acredita que não é certo aproveitar a vida, divertir-se ou ter direito a ser feliz. Isto é devido a terem sido educados num ambiente familiar hostil, aonde não podiam relaxar e no qual tinham de estar sempre hiper-vigilantes para se poderem defender. Este tipo de ambiente leva a criança ou mesmo uma pessoa adulta a estar num constante estado de medo e ansiedade, onde é muito difícil aprender a relaxar e aproveitar a vida.
Eles passaram a acreditar que a vida não pode ser boa nem serena, mas sim sofrimento, onde não há felicidade e onde eles devem ser vítimas conformadas.
6. Assume a culpa
A pessoa codependente geralmente culpa-se pelos problemas e sofrimento dos seus entes queridos. Acreditando que deve ter feito algo para contribuir para isso e que o vício que eles têm é culpa sua.
Como tendem a ter pouco sentido da sua própria identidade, não conseguem reconhecer nem separar a sua vida da das outras pessoas com quem estão envolvidos emocionalmente.
Os codependentes devotam grande parte da sua vida na procura de tentar consertar e resolver os problemas dos seus entes queridos.
Eles acreditam que se eles forem capazes de fazer essas pessoas felizes que isso os vai deixar satisfeitos com a sua própria vida. Por outro lado, se os seus entes queridos agem como loucos ou têm acessos de raiva ou fúria, eles sentem-se culpados pelos desequilíbrios emocionais deles e consequências resultantes disso. Esta é a razão pela qual a pessoa dependente passa grande parte da sua vida na fútil tentativa de tentar controlar o comportamento do seu ente querido viciado (ou narcisista) para o levar a parar o seu comportamento inconsciente e/ou destrutivo.
Padrões de codependência
As crenças nas quais o codependente acredita vão servir para justificar os padrões de codependência que vão constituir o seu modo de pensar e agir. Em geral existem 5 padrões típicos que compõem a codependência.
Os 5 padrões principais da codependência
Esses 5 padrões são os seguintes:
1. Padrões de negação
2. Padrões de baixa auto-estima
3. Padrões de evitamento
4. Padrões de controle
5. Padrões de cumplicidade
Os padrões descritos a seguir estão na primeira pessoa como se fosse o próprio codependente a afirmar-los.
1. Padrões de negação
- Eu expresso negatividade ou agressão de forma indirecta e passiva.
- Eu minimizo, altero ou nego o modo como realmente me sinto.
- Eu rotulo outros com meus traços negativos.
- Mascaro a minha dor de várias formas, como a raiva, a depressão ou o isolamento.
- Não reconheço que outros pelos quais me sinto atraído possam não estar disponíveis.
- Percebo a mim mesmo como completamente sem egoísmo e dedicado ao bem estar dos outros.
- Tenho dificuldade em identificar o que sinto.
2. Padrões de baixa auto-estima
- Acho-me superior aos outros.
- Constantemente busco reconhecimento que acho que mereço.
- Fico envergonhado ao receber reconhecimento, elogios ou presentes.
- Julgo tudo o que penso ou digo duramente, como se nunca fosse bom o suficiente.
- Não me vejo como alguém que mereça amor ou atenção.
- Nunca peço aos outros que reconheçam meus desejos ou necessidades.
- Preciso de outros para me sentir seguro.
- Tenho dificuldades em admitir que errei.
- Tenho dificuldades em começar actividades, completar prazos e projectos.
- Tenho dificuldades em estabelecer prioridades mais saudáveis.
- Tenho dificuldades em tomar decisões.
- Tenho que parecer correcto aos olhos dos outros e até minto para que possa parecer melhor.
- Valorizo mais a opinião dos outros do que a minha sobre o que penso, sinto e como ajo.
3. Padrões de evitamento
- Acredito que demonstrações de emoção são sinais de fraqueza.
- Ajo de forma convidativa a outros para me rejeitar.
- Atraio as pessoas, mas quando elas estão próximas, eu as evito.
- Evito intimidade emocional, física ou sexual como forma de me distanciar.
- Julgo duramente o que os outros pensam, sentem, falam e fazem.
- Permito que as minhas dependências de pessoas, lugares e coisas me distraiam de atingir real intimidade nos relacionamentos.
- Uso comunicação indirecta e evasiva para evitar conflitos ou confrontações.
4. Padrões de controle
- Acredito que a maioria das pessoas é incapaz de cuidar delas próprias.
- Adopto uma atitude de indiferença, desesperança, autoridade ou raiva para manipular resultados.
- Exijo que as minhas necessidades sejam acolhidas pelos outros.
- Fico ressentido quando os outros não me deixam ajudá-los.
- Finjo concordar com outros para conseguir o que quero.
- Gasto presentes luxuosos e favores aqueles que me são importantes.
- Necessito que “precisem” de mim para me relacionar com outros.
- Ofereço conselhos abertamente, sem ter sido convidado a isso.
- Recuso-me a cooperar, comprometer ou negociar.
- Tento convencer os outros sobre o que “deveriam” sentir ou pensar.
- Uso culpa e vergonha para explorar emocionalmente os outros.
- Uso meu charme e carisma para convencer os outros de minha capacidade de compaixão e cuidado.
- Utilizo o sexo para ganhar a aprovação e a aceitação dos outros.
5. Padrões de cumplicidade
- Aceito sexo ou atenção sexual quando procuro amor.
- Deixo de lado os meus próprios interesses para fazer o que os outros querem.
- Eu comprometo os meus próprios valores e integridade para evitar rejeição por parte de outros.
- Eu sou muito sensível a como os outros se sentem e sinto o mesmo.
- Eu valorizo mais a opinião dos outros do que a minha própria e tenho medo de expressar opiniões e sentimentos diferentes.
- Sou extremamente leal, permanecendo em situações que me causam dano por muito tempo.
- Tenho medo de expressar minhas opiniões e crenças quando diferentes do que os outros pensam.
- Tomo decisões sem pensar nas consequências.
A codependência não é culpa tua
Muitos pacientes perguntam: “Como fui capaz de cair num padrão de codependência?” A resposta é simples: porque as suas necessidades emocionais não foram totalmente satisfeitas, especialmente se você cresceu com um pai ou mãe narcisista ou viveu suficientemente tempo num relacionamento disfuncional.
A codependência como adaptação
A codependência pode parecer uma coisa negativa mas o muitas pessoas não vêem é que este padrão foi ou é uma resposta de adaptação para lidar com um narcisista ou um meio familiar disfuncional. Esta foi a melhor maneira que arranjou para sobreviver nesse ambiente e encontrar um mínimo de conexão emocional. Deva-se dizer que na verdade foi incrivelmente inteligente na época reagir desse modo. Só que agora esse padrão de codependência já passou a sua data de validade e já não é adaptativo nem está ajudando você.
Ilumine-se. NINGUÉM É PERFEITO. Aceite gentilmente sua humanidade.
— Debora Day
Agora você é um adulto e começa a ter consciência das raízes de sua codependência com mais clareza. Seus pais ou o seu companheiro narcisista não foram capazes de atender às suas necessidades. Isso não significa que você é um fracasso. Você não precisa mais de viver a sua vida como uma criança assustada que tem que provar o seu valor a cada ação. É hora de sair desse casulo que o oprime e ser livre. Pedir ajuda é o primeiro passo.
Tratamento da codependência
Os dois grandes obstáculos para tratar a codependência
Os grandes obstáculos ao tratamento da codependência são dois: a não tomada de consciência por parte da pessoa que tem esse problema e a entrada em ação do mecanismo de defesa que é a negação. Isto pode acontecer quando a pessoa é confrontada com o problema mas não o quer aceitar o problema pela ansiedade que isso provoca em si.
Por exemplo, um dos primeiros passos é levar o paciente a ser capaz de se questionar sobre as suas ações e modos de pensar a respeito das suas ações de cuidado e zelo extremo em relação a um ente querido.
A justificação da codependência para não mudar
Porém, a consciência do paciente leva-o a concluir que esse cuidado e zelo extremo é uma forma positiva de amar e proteger essa pessoa (para além de ser socialmente aceite). Mas isso pede levar a que a outra pessoa se sinta sufocada e fique sem autonomia para viver a sua vida de forma independente e autónoma. Por outro lado, se o codependente não ajudou essa pessoa e a deixou livre, o seu padrão de codependência vai levar-lo (inconscientemente) a culpar-se por isso. Por detrás deste padrão está a dificuldade do paciente em acreditar na capacidade de autonomia das pessoas.
É importante levar o paciente a reconhecer o valor de deixar que o outro faça as suas próprias escolhas e retome as próprias atividades para que possa aprender a superar as dificuldades que lhe são apresentadas e ganhar a confiança pessoal que é capaz de resolver os seus problemas e sair vencedor por si próprio. Um bom exemplo disto é quando alguém começa a aprender a andar de bicicleta. Só aceitando que vai cair e depois levantar para continuar outra vez é que aprendemos a andar de bicicleta por nós próprios sem ajudas de outras pessoas.
Uma das grandes aprendizagem aqui é o paciente começar a colocar limites no seu controle da situação, permitindo que os outros possam viver de forma espontânea, sem pressão ou expectativas.
Por tudo isto, é altamente aconselhavel ter apoio de um psicoterapeuta, psicólogo ou psiquiatra competente e com experiência que ajude o paciente a navegar pelo processo de cura, com tato, atenção e compaixão.
Os objetivos de tratamento da codependência
- Desenvolver auto-consciência – ser capaz de se auto-questionar sobre o seu próprio pensamento
- Saber lidar com o perfeccionismo
- Ser gentil consigo próprio – aceitação pessoal e auto-compaixão
- Aumento da auto-estima e amor próprio
- Acolher o erro como forma de aprendizagem e superação de dificuldades
- Criar e saber manter limites pessoais
- Confrontar-se com as suas limitações pessoais, entre os quais os medos
- Começar a confiar em si próprio
Acontece que o processo de terapia que leva à cura não é curto mas tem também alguns efeitos colaterais bem positivos. Em geral, pacientes que também sofriam de ansiedade e depressão melhoram consideravelmente.
Compaixão não é algum tipo de projeto ou ideal de auto-aperfeiçoamento que tentamos de seguir. Ter compaixão começa e termina com ter compaixão por todas aquelas partes indesejáveis de nós mesmos, todas aquelas imperfeições que nem mesmo queremos olhar.
— Pema Chodron
É importante ter em mente a deteção e tratamento da codependência o mais cedo possível.
Ajuda profissional e experiente para a codependência
Procure um profissional de saúde para o ajudar entre psicólogos, psicoterapeutas ou psiquiatras com experiência e competentes. Tudo isto para poder reganhar a sua auto-estima, autonomia e caminhar na direção dos seus sonhos em liberdade.
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Referências
Beattie, M. (1986). Codependent No More. Mjf Books.
Gordon, J. R., & Barrett, K. (1993). The codependency movement: Issues of context and differentiation.
Lancer, D. (2015). Codependency For Dummies. John Wiley & Sons.
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